091 – São Jorge – Farol dos Rosais

O GPS, dado que estou a seguir um percurso pedestre, manda-me dar uma voltinha por dentro do parque.

Mas isto tem muitos degraus para meu gosto. Vou voltar à estrada.

A volta que o GPS está a mandar fazer – o tracejado azul. A minha localização está identificada pela seta azul. Mas eu vou seguir em frente pela estrada. São 15h32, ainda não almocei e faltam 5,3 km. Não é oportuno o passeio pelo interior do parque.

Vou acelerar loucamente!

Farol à vista!! É aquela torre lá ao fundo!

Cheguei ao meu destino de hoje! Farol dos Rosais! Que podia estar um bocadinho mais bem conservado!!

Velocidade Máxima: 48,1 km / hora. Esta velocidade foi atingida mesmo na reta final!

O taxista Manuel já estava à minha espera. Ele tinha-me perguntado, hoje de manhã, a que horas é que eu calculava chegar. E eu apontei para as 3 ou 4 da tarde. Viu-me chegar e agora vai mostrar-me a paisagem. Diz que é perigoso, são falésias, e por isso estão estes avisos todos aqui, para não passar.

Ali é a vigia da baleia. Eu já estou cansada e não queria ir lá acima, mas o Manuel insistiu de tal maneira que me convenceu. Afinal de contas não sei se alguma vez voltarei aqui. Mais vale completar a tarefa, ok.

A placa indica:
Localizada no extremo noroeste de São Jorge, esta área protegida possui cerca de 170 hectares e eleva-se até aos 376 metros de altitude. A Ponta dos Rosais é caracterizada por altas e declivosas falésias costeiras e vários ilhéus, apresentando uma imponente ponta rochosa que se prolonga para noroeste na zona marinha adjacente, sob a forma de uma cordilheira vulcânica submarina.
A erosão marinha pôs a descoberto a sequência estratigráfica e a estrutura interna deste setor da ilha de São Jorge, incluindo os cones vulcânicos existentes, diversos filões, uma chaminé e afloramentos de escórias basálticas com diversas granulometrias e tonalidades, desde negras a avermelhadas.
A parte alta da Ponta dos Rosais apresenta-se como um pequeno planalto, onde está implantado o antigo farol e cuja paisagem, para sudeste, é caracterizada por cones vulcânicos de formas suavizadas e crateras mal definidas.
Os fatores naturais presentes, como os ventos húmidos ciclónicos, a agitação marítima e geologia, determinam a singularidade desta zona, onde habitats de montanha se juntam a elementos costeiros.
Relativamente à flora, e devido às características singulares desde local, é possível observar um prado de labaça-das-ilhas (Rumex azoricus), espécie protegida que forma comunidades em escassos locais. Realça-se ainda outras espécies endémicas como a urze (Erica azorica), a não-me-esqueças (Myosotis maritima) e o bracel-da-rocha (Festuca petraea).
Este é um importante local para aves marinhas como o cagarro (Calonectris borealis), o garajau-rosado (Sterna dougallii), o garajau-comum (Sterna hirundu) e o frulho (Puffinus lherminieri baroli).
Entre a avifauna terreste, salientam-se o milhafre (Buteo buteo rothschildi), o pombo-torcaz dos Açores (Columba palumbus azoricus), o tentilhão (Fringilla coelebs moreletti) e o canário-da-terra (Serinus canaria), daí a classificação desta zona como Área Importante para as Aves e Biodiversidade (IBA) da organização Birdlife International.
Esta área integra uma Zona Especial de Conservação (ZEC) no âmbito da Rede Natura 2000 e está classificada como geossítio do Geoparque Açores – Geoparque Mundial da UNESCO. Desde 2016, as Fajãs de São Jorge estão classificadas como Reserva da Biosfera  no âmbito do Programa MAB (Man and the Biosphere) da UNESCO.

Labaça-das-ilhas (Rumex azoricus), foto retirada de SIARAM

Urze (Erica azorica), foto retirada de Wikipédia

Não-me-esqueças (Myosotis maritima), foto retirada de SIARAM

Bracel-da-rocha (Festuca petraea), foto retirada de SIARAM

Garajau-Rosado (Sterna dougallii), foto retirada de Wikipédia

Garajau-Comum (Sterna hirundu), foto retirada de Wikipédia

Frulho (Puffinus lherminieri baroli), foto retirada de Wikipédia

Milhafre (Buteo buteo rothschildi), foto retirada de Wikipédia

Pombo-Torcaz dos Açores (Columba palumbus azoricus), foto retirada de Aves dos Açores

Tentilhão (Fringilla coelebs moreletti), foto retirada de Observation.org

Canário-da-Terra (Serinus canaria), foto retirada de Oiseaux.net

O taxista Manuel guarda agora a bicicleta e eu subo a pé à Vigia da Baleia.

O Manuel também queria vir, mas as pernas traíram-no.

Nas ilhas do triângulo (Pico, Faial e São Jorge), os homens tinham uns versos:

Quando o foguete estrondeia, corro à praia num instante
é um sinal de baleia, que manda correr à vante
para onde eu vou é que eu não sei, quem nos manda é a sorte
quem sabe se em lugar do pão encontrarei a morte.¹

Termina o passeio de hoje. São 16h31. Regresso agora a casa.
Bebi a água toda dos três cantis. Cheguei a casa com cerca de 1 dl apenas. O taxista Manuel perguntou previamente num snack-bar, perto do farol, se me faziam uma bifana ou um hambúrguer, contou-me, mas eu não quis. Não tenho grande fome. As barras de proteína alimentam-me muito. Tenho sim falta de fruta e legumes.

O Manuel pára o táxi para eu ver o Morro dos Lagidos. Diz-me que antes estavam ligados.

O Manuel faz um pequeno desvio para vir mostrar-me o miradouro de Velas. Ali foi onde o meu barco atracou, à chegada à ilha.

Foram 35 minutos de viagem, 22 km, 20€. É um preço especial, disse-me o Manuel. Este é o preço do Farol até Velas, disse-me. Eu agradeci e deixei já combinada hora e o destino de amanhã: 6h45 com destino à Fajã do Ouvidor. Depois farei o resto na bicicleta.
Antes de entrar em casa fui comer ao snack-bar em frente. Não comi nada, afinal, só abrem a cozinha às 18 horas. Estas aberturas da cozinha são um pesadelo. Estarão fechadas a cadeado?
Bebi também dois copos de leite além desta fruta. Fui tomar banho. Às 18h20 estava despachada.

Têm bitoque mas é frito. O hambúrguer é grelhado mas numa chapa própria, não conseguem fazer o bife nela. Acabei por escolher hambúrguer por ser grelhado, com ovo e bacon. Mas a carne parece borracha, deve ser dos congelados.

Ele parou o carro mesmo em frente ao multibanco, retirou dinheiro e foi-se embora. Não há nada mais prático, nesta ilha de São Jorge. Sem pressas e sem stress de estacionamentos.


¹ Soares, Alexandre (2011, 2 setembro) “Na pista dos baleeiros açorianos de Moby Dick”. Diário de Notícias. Página consultada a 25 janeiro 2021,
<https://www.dn.pt/revistas/ns/na-pista-dos-baleeiros-acorianos-de-moby-dick-1973731.html>

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