079 – Pico – Museu da Indústria Baleeira

Museu da Indústria Baleeira

Depois de morta, a baleia era rebocada até terra. No cais, a baleia era içada num guindaste para ser desmanchada e os pesados bocados de toucinho eram derretidos em enormes caldeirões. Os torresmos a derreter deitavam um cheiro muito forte. Todos ganhavam com a caça e da baleia aproveitava-se quase tudo. Algumas pessoas atribuíam capacidades curativas ao fumo e havia «pessoas com reumatismo que iam à fábrica esfregar na pele o azeite da cabeça da baleia.»¹

Mais outro fabuloso museu. Cinco estrelas. E não fotografei tudo, vocês têm que fazer alguma coisa – têm que lá ir – conforme já disse noutra crónica, também noutro museu. Além de que ver fotos não é mesma coisa que ver ao vivo. É como ver a Mona Lisa, do Leonardo da Vinci, num calendário. Não queiram comparar. Ver as coisas ao vivo é muito mais emocionante.
Agora a funcionária do museu leva-me a ver uma exposição temporária dedicada a bordados. Não é bem a minha onda, disse eu à senhora, sou pouco sensível a essa área, mas vamos lá ver os bordados. Não sejas bruta, Rute.

Este é o Monumento ao Baleeiro, inaugurado no ano 2000.
São 16h51 e eu gostaria agora de almoçar.

Indicaram-me um restaurante nesta estrada em frente.

Estátua do rei Dom Dinis de Portugal, inaugurada em 1940.

Restaurante à vista!!

Não servem comida a esta hora. São 17h02. A cozinha só abre às 18h30.
Não posso crer. Quero lá saber se a cozinha abre ou não, então mas o empregado não pode grelhar um hambúrguer e metê-lo no pão?!…
Não. Não faz nada disso. Só serve cafés e bebidas.

Perguntei a um rapaz que estava no outro restaurante, onde é que existe outro. Ele falou-me deste.
Aqui ainda é pior: a cozinha só abre às 19h. Estou tramada. Podem fazer-me uma tosta mista, disseram. Mas para isso como o meu queijo do Corvo e o meu pão, na minha casa. Também tenho tostadeira.
E não há mais restaurantes.

Para já vou já tomar banho. Poderei voltar, é 1,5 km de distância, pela estrada vermelha das bicicletas, rente ao mar, bastante agradável. Mas eu já sei que não me apetece sair depois de tomar banho. Visto o pijama e não quero sair mais. Não me apetece também grandes comezainas a essa hora.

São 17h56. Comi dois iogurtes, uma maçã, e três fatias de queijo. As maçãs comprei-as na ilha do Corvo. Já foram ao Faial e estão agora no Pico. Recordo que tenho um pão grande comprado ontem à chegada à ilha do Pico. Não me apetece pão. Também tenho as queijadas de Vila Franca do Campo. Não sou amiga de comer farinhas, enchem muito, mas alimentam pouco. Estou habituada a comer queijo e até chouriço sem pão.
E ainda tenho um delicioso doce de figo, feito aqui na ilha do Pico, oferecido pelo alojamento, que é uma autêntica especialidade. Acabei por não consumi-lo aqui nos Açores, mas levei-o comigo para Lisboa.

Estou a planear o percurso de amanhã. Apontando para o Museu do Vinho, sugere-me este caminho de bicicleta. E agora vou ver como é o caminho pedestre:

Manda-me caminhar pela água! Deve pensar que sou Jesus Cristo!

À semelhança das outras ilhas, mostro a fatura do supermercado aqui da ilha do Pico, para se poder comparar preços. Recordo que as compras que efetuei são mostradas na crónica 72, à chegada à ilha do Pico. Num supermercado em Lisboa a Cerelac de 500 gramas custa 3,39€. Aqui paguei 2,59€. Tem 4% de IVA. Quatro iogurtes Danone custam em Lisboa 1,14€, portanto 8 são 2,28€. Aqui paguei 3,18€, também com 4% de IVA. O saco plástico tem 18% de IVA. O leite custou 0,47€ o litro, muito bom. Mas enfim, estou na terra do leite – os Açores – e comprei leite açoriano, claro. O pão custou 1,18€.

São agora 21h48. Antes de deitar-me petisco. A manteiga foi comprada na ilha das Flores. Anda a passear entre as ilhas. Mas o que faço? Deito-a fora e ao chegar a uma nova ilha, compro outra? Claro que não. Viaja comigo e pronto.
O frasquinho tem mel e veio da ilha do Faial, estava incluído no meu pequeno-almoço do alojamento.

Amanhã tenho que comer bem, uma refeição completa.

Sobre o mel dos Açores, leio o seguinte na internet:
O Mel dos Açores DOP provém de uma longa tradição de apicultura nas ilhas dos Açores, que datam do século XVI. Em 1554, Gaspar do Rego Baldayal enviou uma carta ao rei sobre a produção de mel nas ilhas. O Mel de Incenso é quase um símbolo dos Açores, especialmente da ilha do Pico, embora seja a ilha de São Miguel que produz a maior quantidade de mel. O aspeto mais importante da apicultura na zona está ligado à sua função ecológica, uma vez que garante uma grande percentagem da polinização da flora natural. O mel também tem um papel social uma vez que é produzido por grande parte da população local. Por último, representa uma parte importante da economia local por causa da elevada qualidade deste mel.²

O Mel dos Açores pode ser classificado como Mel de Incenso ou Mel Multiflora. A ilha do Pico é famosa pelo seu mel de incenso.
Algumas características do produto:

  • Mel de incenso: Resulta do néctar recolhido pelas abelhas das flores da espécie Pittosporum undulatum (percentagem de pólen superior a 30%) Cor: tonalidade muito clara a âmbar claro, no máximo 50 na escala PFUND; Cheiro delicado e perfumado; Sabor muito doce com paladar típico;
  • Mel multiflora: Resulta da mistura de néctares de várias espécies de flores. Cor: âmbar claro a âmbar escuro, no máximo 114 na escala PFUND; Sabor rico e perfumado denotando a variada flora que lhe deu origem.³

¹ Soares, Alexandre (2011, 2 setembro) “Na pista dos baleeiros açorianos de Moby Dick”. Diário de Notícias. Página consultada a 7 janeiro 2021,
<https://www.dn.pt/revistas/ns/na-pista-dos-baleeiros-acorianos-de-moby-dick-1973731.html>

² “Mel dos Açores DOP” (s.d.). Produtos Tradicionais Portugueses. Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Página consultada a 7 janeiro 2021,
<https://tradicional.dgadr.gov.pt/pt/cat/mel/923-mel-dos-acores-dop>

³ “Mel dos Açores DOP” (s.d.). Governo dos Açores. Página consultada a 7 janeiro 2021,
<https://www.azores.gov.pt/Portal/pt/entidades/sraf-iama/textoImagem/mel_acores.htm>

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