031 – Flores, 10º dia – Lagoas Rasa e Funda

Hoje é sexta-feira, 10 de julho.
Despertar às 5h20.
Vem um carro buscar-me às 6h45 para levar-me a um ponto alto – o Miradouro das Lagoas Rasa e Funda, e a partir daí sigo caminho: o objetivo é seguir para o Miradouro das Lagoas Mirante, e depois regressar à Fajã Grande passando pela Cascata do Poço do Bacalhau. Serão cerca de 14 km. Mas o itinerário irá sofrer algumas alterações. Esta é apenas uma ideia inicial estudada ontem, não é nenhum plano rígido:
(Opto por caminhos pedestres na aplicação Maps.me, que aqui na ilha das Flores são bem diferentes dos percursos para bicicleta, os quais vão sempre pela estrada).

Às 6h20 estou despachada e saio para a rua. Só amanhece daqui a uns minutos, mas já está lusco-fusco. E tenho um cemitério – aberto! – mesmo em frente à minha casa. Ora ora. Vai ser já a primeira visita da manhã.

Igreja Matriz da Fajã Grande – Igreja de São José, construída no século XVIII e ampliada no século XIX.
É preciso vir por aqui para entrar no cemitério, não dá para ir direta da minha casa. A não ser que me ponha a saltar muros.

Imensos pássaros a cantar no cemitério.

A minha casa fica naquela porta atrás da mesa verde (onde está o Wally?… Atrás dos ecopontos!)

Tenho um multibanco praticamente em frente à minha casa, dá jeito.

O minimercado também ao lado da minha casa, onde eu fui ontem. Ficaram a faltar-me os iogurtes, mais logo venho cá buscá-los, já deverão ter chegado. Também há um supermercado maior a uns duzentos metros.

Às 6h48 o meu táxi ainda não chegou, pelo que telefonei a saber se está tudo bem.
Efetivamente houve um percalço, mas em três minutos cá estava o Luís. Faz parte duma empresa de serviços turísticos, e os motoristas trabalham por turnos. Normalmente os serviços começam cerca das 9 ou 9h30, hora a que os turistas saem, mas o Luís teve o azar de estar de turno com esta turista das 6h45.

São 7h14, fiz 9 km no táxi, não me recordo quanto paguei, não registei, esqueci-me. Esta foto ainda foi tirada pelo Luís; eu ainda estou com a máscara pendurada na orelha. Nos carros quer eu, quer o motorista, andamos obrigatoriamente de máscara.

Esta é a Lagoa Funda.

Aqui uma melhor imagem sua.
A Lagoa Funda tem uma profundidade de 26,9 metros, e nas suas margens encontra-se uma grande variedade de plantas endémicas dos Açores. A Lagoa Funda faz parte de uma importante bacia hidrográfica, para onde diversas linhas de água convergem.¹

Esta é a Lagoa Rasa.
A sua profundidade ronda os 16 metros.
A Lagoa Rasa e a Lagoa Funda estão separadas por uma estrada, mas estão em altitudes diferentes, sendo que a Rasa se encontra a 530 metros acima do nível do mar; e a Lagoa Funda encontra-se a 360 metros.¹

Existem sete lagoas na ilha das Flores: Lagoa Funda, Lagoa Rasa, Lagoa Negra, Lagoa Branca, Lagoa Comprida, Lagoa da Lomba, e Lagoa Seca. Os seus nomes foram atribuídos de acordo com as suas características. As sete estão acomodadas dentro da caldeira de um dos vulcões primordiais da ilha. Esta formação geológica faz parte da Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO desde 2009.¹

E dou início ao passeio de hoje. É um bocado difícil não ficar eufórica logo às 7 da manhã, com tamanha magnificência e beleza. Silêncio. Tranquilidade.

Começo já a fazer o primeiro desvio dos planos iniciais. Há uma estrada lá em cima de onde se vêem as duas lagoas em simultâneo – a Rasa e a Funda, disse-me o Luís. É muito a subir, acrescentou. E é preciso que não esteja nevoeiro, para se ver.
Vou já espreitar isso.

Vou bisbilhotar o que se passa para aqui.

Espreitei ao portão e perguntei se posso entrar.

Estão a ordenhar as vaquinhas! Elas entretêm-se a comer ração e assim ficam quietas. E gostam muito de ir para ali comer a ração, apercebi-me. As outras vaquinhas, fechadas nos estábulos, no resto do mundo, que comem todos os dias ração, deveriam dar tudo para comer estes belos pastos verdes. Estas têm pastos verdes o ano todo, e ficam empolgadas com uma caneca de ração.

Chama-se Susete. Eu disse-lhe que é uma agricultora muito moderna, de piercing. A Susete riu-se. Já visitou todas as ilhas dos Açores e também passou três meses de férias em Cabo Verde. É uma agricultora moderna e viajada! O pai está doente e então veio ajudar agora nas vacas.
Falámos um pouco, inclusive do turismo e da pandemia. Eu contei-lhe que já fiz as duas análises obrigatórias para estar aqui nos Açores, e a Susete comentou que tem de fazer uma análise de 15 em 15 dias porque trabalha num lar. E que está de férias agora um mês, mas teve de fazer a análise ontem, na mesma.

Aqui é a mãe da Susete, chama-se Maria dos Anjos e é da ilha de São Miguel.
Há duas ou três vacas que tiveram os bezerros há poucos dias, e tiram-lhes leite ainda amarelo para dar aos bezerros. Depois das vacas parirem, o leite sai amarelado nos primeiros dias. Então ordenham-nas na mesma, mas o leite é dado aos bezerros. O pai da Susete não quer os bezerros com as mães, se bem percebi porque depois tem pena de retirá-los à mãe.

Há imensos coelhos a correr na estrada. A caça foi proibida por causa da doença dos coelhos, há 4 ou 5 anos. Não há raposas. Nem cobras. Os coelhos não têm um predador, portanto – explicou-me o motorista Luís hoje de manhã.

Lá vai a um a saltitar. É muito difícil apanhá-los numa foto, quando aponto a máquina já desapareceram.


¹ “Sete Lagoas – Ilha das Flores, Açores” (s.d.) By Açores. Página consultada a 25 outubro 2020,
<https://byacores.com/sete-lagoas-flores/>

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