009 – São Miguel – Miradouro do Salto do Cavalo, Achadinha, Almoço & Regresso

Estou a chegar ao Miradouro do Salto do Cavalo, o nome destas terras. Lá em baixo, onde encontrei o Alberto, já tem este nome também, Salto do Cavalo.

Este miradouro está a 760 metros de altitude. Ao fundo vê-se a Lagoa das Furnas. Eu venho lá de baixo das praias; para quem não gosta de fazer subidas, tive já uma grande estreia em São Miguel.

Ainda me perdi aqui. Fui em frente em direção à Povoação (é uma terra chamada “Povoação”) porque o GPS é pouco claro e não pára quieto. Depois de descer um bocado, toca a subir tudo novamente, porque o meu caminho é em direção ao Nordeste. Lá ao fundo, junto à curva, vêem-se duas placas a apontar as direções.

São 15h45. Agora é sempre a descer a toda a velocidade. Tenho que almoçar, estou com muita fome. Tenho que procurar um restaurante com urgência.

Oops… parece que a minha urgência na descida vai ter que esperar.

Bom, agora que eu ia acelerar na descida, não tenho alternativa senão em ir em câmara lenta atrás das vaquinhas. O agricultor que se vê nas fotos acima, quis dar-me passagem, mas eu preferi esperar um pouco, observar, tirar umas fotos. Ora não sabia que eram tantas vaquinhas, se calhar uma centena, não sei, e que eu nunca mais iria conseguir passar. Ainda tentei, indo devagar na bicicleta ao seu lado, mas elas assustam-se imenso, começam a correr desalmadamente todas por ali abaixo, e eu parei imediatamente. Ainda alguma cai, com o medo, naquela correria, ou ainda me atinge e caio eu também. Então fui ao seu passo atrás delas, sentada na bicicleta, muito devagar. Ai o meu almocinho lá em baixo. Algures, ainda não sei onde.

Foram 20 minutos. Ao fim de 20 minutos chegámos ao caminho onde as vaquinhas devem entrar, e portanto sair da estrada. Eu continuei em frente, e finalmente acelerei.

Vou em busca dum restaurante nesta povoação chamada Achadinha. Perguntei a umas pessoas logo à entrada, e elas disseram-me que seguindo em frente até à igreja, irei encontrá-lo à direita. Chama-se Poço Azul.

O restaurante é à esquerda mas está fechado. São 16h38, a cozinha está fechada. Não servem a estas horas.
Eu a ver a minha vida a andar para trás. Tenho 52,4 km na bicicleta.
À direita é um café que pertence aos mesmos donos, disseram-me que talvez me façam uma sandes ali. Eu não posso comer sandes às 5 da tarde depois de esforço físico intenso. Eu preciso dum bife com batatas fritas.

Perguntei ao senhor que atendeu (não o apanhei na foto) se não tem nada já feito que seja só aquecer no microondas. Se não sobrou nada do almoço. Seja peixe ou carne. E depois de pensar uns segundos, o senhor disse-me: “Arranjo-lhe strogonoff de vaca com arroz, quer?” Ai que maravilha, venha o strogonoff.

Carne deliciosa, tenra. Cinco euros.
Coitadinhas das vaquinhas. Depois de ver tantas vaquinhas faz-me confusão agora comê-las.
Não bebi nada – eu não bebo às refeições. Dos dois cantis que enchi no tanque do Alberto, já bebi um e meio. Ou seja, bebi até agora 4 cantis e meio de água. Se cada um tiver 500 ml, já bebi 2 litros e pouco. Um deles tem 600 ml, pelo menos. Às refeições só me apetece comer, portanto, não me apetece beber.

Um semi-frio de bolacha Oreo, 1,5€.

Tenho 52 km na bicicleta, são 17h30. Até à Cascata da Ribeira da Ponte, o meu destino inicial desta manhã, faltam 22 km, 220 metros de subida acumulada, sempre pela estrada principal. Nem por sombras. Estou de barriga cheia, já não vou a mais lado nenhum. Chamei um táxi para ir buscar-me ao restaurante. Já chega por hoje, estou satisfeita.

O taxista Dinard, da Achadinha. Fizemos 26 km, chegamos às 18h10, paguei 30€.

As minhas esfoladelas de estimação, feitas no ilhéu Bom Bom com a areia da praia, em São Tomé e Príncipe, estão a querer ressurgir. Pelo menos a deste pé. Doravante terei que preparar um penso de proteção, para evitar que as esfoladelas reabram. E estou toda suja de terra e óleo da corrente da bicicleta.

Comi uma laranja ao chegar, que sobrou do pequeno-almoço. Tomei banho.
Fiquei com a marca do sol nos braços e nos calções. Tenho que andar de manga à cava, não posso usar tshirts com manga.
Que grande dia, hoje.

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