007 – São Miguel – Porto Formoso

O GPS estava a indicar-me um caminho estranho, aparentemente pelo meio duma propriedade, aqui ao lado, e eu perguntei a este casal se havia algum caminho por ali. Responderam-me que não, que agora a rua faz uma curva e eu tenho de seguir por aí. Assim fiz, e o GPS lá se orientou. A seta do GPS não é uma coisa fixa, vai-se mexendo, vai oscilando, vai tentando perceber onde eu estou. E já me mudou radicalmente de caminho a meio, como vou contar daqui a uns tempos.

A estrada principal está ali em baixo. Eu estou a seguir um caminho alternativo, por estradas de terra.

Recordo que estou a seguir um caminho pedestre, conforme mostrei na crónica anterior. Portanto o GPS manda-me atravessar estas estradas. Ele não sabe que eu estou de bicicleta. Pensa que eu estou a pé e manda-me atravessar isto. E eu atravessei.

São 10h e tenho 17 km na bicicleta.

Remonta ao início do século XVI a fundação desta freguesia. O seu nome, “Porto Formoso”, advém-lhe do seu porto, abrigado ao fundo de uma belíssima enseada, daí formoso. Sobre esta localidade, Gaspar Frutuoso, nas suas “Saudades da Terra”, refere o seguinte: “Se faz uma formosa enseada de praia de areia e no meio dela está o lugar de Porto Formoso pelo que nele tem, que era limpo e o melhor que havia na banda do norte…”.

A igreja paroquial da freguesia de Porto Formoso, nesta foto, tem como padroeira Nossa Senhora da Graça. Sabe-se que este templo já existia em 1509, data em que um rico escudeiro lhe mandou fazer a capela do Bom Jesus, com crucifixo e retábulo de Nossa Senhora, para sua sepultura e de seus herdeiros. Nos séculos seguintes sofreu acrescentos e alterações, apresentando hoje uma frontaria com finos lavores em basalto e um interior de três naves.¹

A ilha de S. Miguel possui, aqui na costa norte, a única plantação de chá da Europa. Trata-se da Fábrica de Chá Gorreana, a qual se localiza na Maia, onde eu irei passar em breve. Aqui em Porto Formoso existia outra plantação e outra fábrica, no entanto agora é um museu, no qual são proporcionadas visitas guiadas.
De acordo com o website da Fábrica de Chá Gorreana:
“Plantado a centenas de quilómetros afastado da poluição industrial nas vastas montanhas da luxuriante propriedade Gorreana sem o uso de quaisquer herbicidas, pesticidas, fungicidas, corantes ou conservantes e colhido entre Abril e Setembro, o chá (preto e verde) da Gorreana é , efetivamente, um produto 100% orgânico uma vez que devido ao facto das pragas normais da planta do chá (camélia sinensis) não sobreviverem no clima da ilha, a Gorreana não sente necessidade de utilizar quaisquer químicos nas suas plantações. O resultado é todo um legado de 130 anos de cultivo e comercialização de chás de primeira qualidade, escolhidos à mão e isentos de químicos que merecem o reconhecimento internacional que os chás Gorreana têm, sendo os mais apreciados na Europa desde a altura em que a arte de cultivar chá foi introduzida nos Açores por dois especialistas chineses em Setembro de 1874”.¹

Acabei por não visitar nenhuma, fica para a próxima, tenho de cá voltar.


¹ “Porto Formoso” (s.d.). Junta de Freguesia de Porto Formoso. Página consultada a 20 setembro 2020,
<https://www.ribeiragrande.pt/porto-formoso/>

² “Gorreana” (s.d.). Gorreana desde 1883. Página consultada a 20 setembro 2020,
<https://gorreana.pt/pt/content/7-sobre-gorreana>

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