001 – Viagem pelas 9 ilhas dos Açores, 719 km de Bicicleta, 33 Dias, Sozinha – Prólogo

Tirei 10.761 fotos nesta viagem. Na primeira revisão apaguei metade. Esta primeira revisão é feita durante a viagem, diariamente, todas as noites antes de deitar-me. Leva cerca de uma hora. Por vezes adormeci a fazer esta revisão, ou deixei-a para o dia seguinte, esperando que no dia seguinte consiga fazer a revisão desse dia e do dia anterior também. Mas fez-se. Cheguei a Lisboa com 5.393 fotos. Depois, em casa – em Lisboa – faço uma segunda revisão. Porque deixo algumas repetidas propositadamente para escolher em casa, num monitor grande. Escolher fotos no pequeno écran da máquina fotográfica nem sempre é fácil. A primeira revisão é assim feita neste pequeno écran, e a segunda é feita em Lisboa no monitor grande. Após as duas revisões ficaram 4.549 fotos. São estas que tenho para mostrar-vos nas crónicas desta viagem maravilhosa. Foi uma viagem espantosa, linda, verde e azul. Correu tudo bem durante os 33 dias, não houve imprevistos. Foi passear, conversar, contemplar. Uma viagem tranquila. Os únicos sobressaltos e agitações foram mesmo as mudanças de ilha, de avião ou de barco. É uma grande azáfama transportar bagagens e bicicleta – porque eu levei a minha bicicleta. Mas correu bem, com a ajuda de todos os açorianos que se cruzaram no meu caminho, de carro, barco ou avião, e me ajudaram a completar esta exigente tarefa logística de percorrer as 9 ilhas em bicicleta.

Fiz ao todo 719 km de bicicleta e a pé – a pé porque frequentemente tive de largar a bicicleta e prosseguir a pé; e 739 km de carro. Uma boa parte das viagens de carro foram feitas entre os aeroportos e os alojamentos, com as bagagens.

A pandemia da Covid-19 trouxe alguns contratempos, como análises, máscaras, géis desinfetantes – e alguns museus fechados. Tenho que admitir porém que também trouxe vantagens, nomeadamente uns Açores com menos turistas. Estive nos principais miradouros das 9 ilhas – sozinha. Não há ninguém, estou sozinha. Até cantei para as vaquinhas. Cantei-lhes com frequência e elas responderam. Nas crónicas contarei todos os detalhes. Bom, mas mesmo que não estivesse sozinha, se estivessem outros turistas à minha volta, também não fazia mal cantar-lhes um bocadinho.

Esta viagem estava marcada e paga desde Novembro de 2019, pelo que a pandemia apanhou-me de surpresa, e mal sabia eu, em Novembro de 2019, que estava a escolher um destino praticamente livre de vírus, no ano seguinte. Decidi manter a viagem. Fiz as duas análises à Covid-19 exigidas para entrar nos Açores, antes e durante a estadia. Mantive todos os cuidados, como o uso de máscara e desinfeção regular das mãos. Haverão fotos nestas crónicas em que eu estou de máscara, claro. É uma novidade que nunca imaginei mostrar numas crónicas de viagem, entre tantas que já escrevi.

Sim, tenho uma ilha preferida. Revelá-la-ei no final, no epílogo destas crónicas, depois de vocês as terem conhecido todas e acompanhado as aventuras, e perceberão porquê. Porque efetivamente todas são lindas, não posso escolher nenhuma baseada na beleza. Todas são lindas e diferentes.

Não treinei nada na bicicleta antes de ir. É uma questão que me colocam frequentemente, e por isso aproveito para deixá-la esclarecida. A última vez que andei de bicicleta foi onze meses antes, num passeio à beira Tejo, em Lisboa. Esta viagem decorre em julho de 2020. A maior parte das subidas faço-as a pé, com a bicicleta pela mão, e se as subidas são gigantes, contrato um táxi para levar-me ao topo e faço o resto a descer. Até porque tenho de despachar-me. Para conhecer bem cada ilha, de bicicleta, se calhar eu precisaria de duas semanas em cada uma, dependendo do seu tamanho. Ora eu tenho 33 dias de férias. Tenho que despachar-me, tenho de ter a ajuda dum carro aqui e ali para acelerar a coisa. Mas enfim, ainda deu para suar, os 719 km.

Decidi levar a minha bicicleta nesta viagem porque nem todas as ilhas têm bicicletas para alugar, e algumas têm mas não com a qualidade da minha, que está artilhada para este tipo de viagens. Coisas tão simples como pneus anti-furo, sistema anti-roubo do selim e das rodas, capacidade para três cantis de água. Não convém ficar algures perdida com um furo no pneu. São coisas muito simples, e até baratas, mas que alteram por completo a experiência da viagem. 719 km de bicicleta têm de ser feitos com segurança e conforto.

A ordem das ilhas – pela qual as visitei – está representada nas fotos da introdução. Fica aqui o resumo. Na elaboração deste percurso tive a valiosa ajuda de uma pessoa da Direção Regional de Turismo dos Açores, que me sugeriu quer a ordem, quer o meio de transporte (barco ou avião). As datas defini eu:

01-Jul    Lisboa – São Miguel
06-Jul    Santa Maria
09-Jul    Flores
13-Jul    Corvo (de barco)
18-Jul    Faial (de barco até às Flores, e de avião entre as Flores e o Faial. Há voos diretos entre o Corvo e o Faial, mas não ao fim de semana. 18 de julho é um sábado)
21-Jul    Pico (de barco)
24-Jul    São Jorge (de barco)
27-Jul    Terceira
30-Jul    Graciosa
02-Aug Lisboa

Vamos então partir nesta nova aventura. Nesta maravilhosa aventura.

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